Marica Campo nasceu em 1948, no Val do Mao, no concelho de Incio, a sul de Lugo. É professora e autora de narrativas, peças de teatro, poesia (Tras as Portas do Rostro. A Corunha: Bahía Edicións, 1992; Pediche Luz Prestada. A Corunha: Espiral Maior, 2001, entre outros) e de um belo livro de poemas para crianças Abracadabras (A Corunha: Ediciós do Castro, 2006).
Sobre a autora, consultar: http://bvg.udc.es/ficha_autor.jsp?id=MarCampo.
Soneto 17 de Pedinche Luz Prestada
Tu dizias «viver é andar nos portos,
cantar com os marinheiros desvairados,
beber com o rum da noite tristes fados
de amores que não há ou foram tortos».
Eu dizia «viver é carr’gar mortos,
fardos que ferem sempre e são pesados,
encher-se dos adeuses aguardados
a cortar rosas murchas pelos hortos».
Agora eu bebo rum nas altas horas
a cantar esse fado de tristura
que põe bagas de lume na garganta.
Tu não sei se és feliz nem onde moras,
se a vida te conforta ou se te é dura,
se te seduz a morte que te espanta.
Marica Campo. Pediche Luz Prestada.
A Corunha: Espiral Maior, 2001.
Tradução de José António Gomes.