terça-feira, 24 de setembro de 2013

António Ramos Rosa (Faro, 17 de outubro de 1924 | Lisboa, 23 de setembro de 2013)


Fotografia de João Silva.
Disponível em: https://www.facebook.com/pages/António-Ramos-Rosa

ANTÓNIO RAMOS ROSA

 «(…) pedra que toco no ar, no princípio do ar.»
Círculo Aberto

«A vertente que desço é uma subida às vossas vidas.»
O Centro na Distância


Ano após ano habituaram-se
à companhia.
E foram trémulas feridas
ou pedras tocadas no ar,
no princípio do ar.
Será que ainda as persegue
ou perseguem-no agora as palavras?
Alguma coisa nelas
se viciou nos dias por vir,
no espaço entre a sombra e o sol,
no cavalo por dizer.
E desejam ser muro de água
ou tribo invulnerável.
E desejam ser voz abrupta
e cobrir de sal a avenida –
suor e sal no sol da avenida.
Pois aí se erguem as torres de mármore
onde o ouro se resguarda da pobreza.
Agora as palavras o seguem.
E a vertente que descem é ainda
uma subida às nossas vidas.

J. P. M.